Na próxima sexta-feira estará nas bancas, pela última vez, o jornal "O Independente". As vendas do semanário já não chegam aos 10.000 exemplares, um décimo do que vendia o jornal nos seus tempos áureos.
O Independente, sob a direcção de Paulo Portas, foi um órgão incómodo para o poder de então, mergulhados que estávamos em pleno Cavaquistão. Tornou-se o porta estandarte da luta contra a corrupção que grassava (e grassa com não menor pujança hoje em dia) na nossa sociedade. A classe política tremia sempre que se aproximava a sexta-feira fatídica, em que mais um escândalo faria a primeira página do jornal. Pode-se dizer com propriedade que este foi corroendo o governo do PSD, ajudando à ascenção do guterrismo (as más línguas até podem insinuar que o mesmo Paulo Portas que, enquanto director do jornal, desgastou Cavaco, veio, enquanto deputado e líder do PP, a aprovar um orçamento do PS, perdendo toda a credibilidade como força de direita. Anos depois defendeu a candidatura do mesmo Cavaco à presidência da república...).
O Independente, sob a direcção de Paulo Portas, foi um órgão incómodo para o poder de então, mergulhados que estávamos em pleno Cavaquistão. Tornou-se o porta estandarte da luta contra a corrupção que grassava (e grassa com não menor pujança hoje em dia) na nossa sociedade. A classe política tremia sempre que se aproximava a sexta-feira fatídica, em que mais um escândalo faria a primeira página do jornal. Pode-se dizer com propriedade que este foi corroendo o governo do PSD, ajudando à ascenção do guterrismo (as más línguas até podem insinuar que o mesmo Paulo Portas que, enquanto director do jornal, desgastou Cavaco, veio, enquanto deputado e líder do PP, a aprovar um orçamento do PS, perdendo toda a credibilidade como força de direita. Anos depois defendeu a candidatura do mesmo Cavaco à presidência da república...).
Paralelamente, O Independente corporizou uma lufada de ar fresco no que à liberdade de expressão diz respeito, abrindo portas que o "Expresso" sempre zelosamente fechou. Podemos dar como exemplos as entrevistas no suplemento a cores com Léon Degrelle (ler aqui) ou António José de Brito (por mim aqui reproduzida em Dezembro de 2004). Algo impensável hoje em dia, mesmo descontando a triste figura dos ignorantes entrevistadores.
A decadência do jornal acompanha a decadência dos índices de leitura de jornais em Portugal e, não menos preocupante, a crescente apatia da população perante o que a rodeia que não seja efémero ou fútil. A tentativa de acompanhar esta triste tendência aumentou a descredibilização do projecto.
Como tantos outros jornais, O Independente sai de cena perante a indiferença geral.
6 comentários:
Ainda bem que o meu amigo teve a excelente ideia de guardar a entrevista no seu antigo Blog Santos da Casa, e de novo vir lembrar!
Um abraço amigo, vou ler, reler, e digerir...
Também se arranja uma cópia a cores do original... Fica para a próxima reunião em torno de uma posta à mirandesa... ;-)
'A tentativa de acompanhar esta triste tendência aumentou a descredibilização do projecto.'
Este frase resume fielmente o que se passou.
Cumprimentos.
Fico à espera, quer dizer, espero até ao dia 16...:-)
Senão queixo-me ao autor!
Um abraço
A grande qualidade do Independente era corporizada pelo envolvimento de Miguel Esteves Cardoso. Em relação ao poder instituído O Independente apenas veículava aquilo que as oposições internas no PSD lhe enviavam para Publicar. Não existia qualquer Investigação Quando chegou o Sr. "Inginheiro" Guterres, no Indy, sem contactos dentro do PS, sem guerras internas o jornalismo de investigação finou-se para sempre.
Do trabalho de Inês Serra lopes é melhor nem falar, aquilo não era "jornalismo".
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