sábado, setembro 30, 2006

De visita ao Padrão dos Descobrimentos

Estive hoje com os meus pequenotes no Padrão dos Descobrimentos, em Belém. É uma visita sempre apetecível, mormente pela estupenda vista que se alcança do seu alto. É também uma boa oportunidade para os ir imbuíndo do espírito e orgulho nacionais pelos feitos de antanho.
Na cave, palco habitual de exposições temporárias, pode-se ver uma evocação fotográfica da Exposição do Mundo Português de 1940. Nela se pode constatar a profunda transformação de que toda a freguesia de Santa Maria de Belém beneficiou. Apesar do carácter temporário da maioria das edificações erigidas para o evento, a renovação da área foi manifesta. Custa a crer o estado em que se encontrava a zona envolvente aos Jerónimos!
O próprio Padrão foi pensado para ter um carácter provisório, construído que foi com materiais algo precários. Só em 1960 tomou a forma que mantém hoje, tendo sido reforçado com betão e pedra de lioz.
O arquitecto foi, como todos sabem, Cottinelli Telmo, em colaboração com Leopoldo de Almeida. Aquele, curiosamente foi o realizador do primeiro filme sonoro português: "A Canção de Lisboa".
Voltando à exposição que agora se pode visitar na cave do Padrão, de referir que é bastante interessante e a maior parte das legendas tenta ser mais objectiva que propagandística. Destoa apenas uma pequena cronologia dos anos 1940 a 1960, com obsessiva referência aos mais pequenos factos ligados à oposição ao regime.

3 comentários:

Nuno Adão disse...

Por muito que custe aos democratas rafeiros, os melhores monumentos foram erigidos no tempo do outro senhor!

Cumprimentos

Humberto Nuno de Oliveira disse...

Obrigado pela sugestão. Lá irei com os meus.

JSM disse...

Caro FSantos
Também lá fui há pouco tempo e até escrevi um postal a propósito. Dei-lhe o título - 'Um Padrão com paredes de vidro' exactamente por causa desses quadrinhos onde se faz grande propaganda à oposição ao Estado Novo e se exalta a figura de Cunhal. Decoração pós 25 de Abril!
Chamou-me também a atenção para o número de personagens que o compôem: dezasseis de um lado e dezasseis do outro, sendo o Infante o personagem trinta e três!
Bem sei que ele era o Grão Mestre da Ordem de Cristo (antiga Ordem dos Templários), mas a escolha do número de personagens está para além de uma vulgar coincidência. O que pode indiciar a forte componente maçónica (republicana) do aparelho do Estado Novo.
E vem dar razão à minha tese de que a monarquia não tinha quaisquer hipóteses com o Salazarismo.
Um abraço.