No Verão de 1982, o corajoso Israel Shahak, ao comentar o "Plano Sionista para o Médio Oriente", lembrava, perante a comissão de inquérito da ONU, que no dia 9 de Julho de 1947 Rabbi Fischmann, delegado da Agência Judaica para a Palestina, fixara descaradamente as fronteiras do futuro Estado de Israel: "A terra prometida estende-se do Nilo ao Eufrates e inclui partes da Síria e do Líbano". Shahak citou igualmente o especialista em assuntos militares do jornal Ha'aretz, Ze’ev Schiff, que escrevera o seguinte em 6 de Fevereiro de 1982: "A dissolução do Iraque em um Estado xiita e um Estado sunita após a separação da parte curda é sem dúvida o que melhor poderia acontecer a Israel".
Igualmente citado era Oded Yinon, alto dirigente da Organização Sionista Mundial que, no mesmo mês de Fevereiro de 1982, publicava na revista mensal "Kivunim" (Direcções) um longo ensaio, onde definia as condições de sobrevivência e de prosperidade do Estado judaico. Para Yinon, o mundo árabe, apesar da sua superioridade numérico e do seu petróleo, não era o "principal obstáculo estratégico [para Israel] pois, com as suas minorias étnicas e religiosas e as suas facções, esse mundo é incrivelmente autodestrutivo, como se pode ver pelo exemplo libanês. (...) A dissolução da Síria, do Iraque e do Líbano segundo linhas étnicas ou religiosas deve ser o principal objectivo de Israel no longo prazo, sendo o seu objectivo a curto prazo a dissolução da potência militar desses países. A dissolução total do Líbano em cinco províncias serve de precedente para todas as acções a desenvolver e, nesta perspectiva, o rico Iraque, com os seus recursos petrolíferos, é mais importante que a Síria. Uma guerra Irão-Iraque fará implodir este último país. Qualquer confronto inter-árabe é-nos vantajoso. Acrescente-se que é vital para o nosso futuro que asseguremos o domínio das zonas montanhosas, com os seus recursos hídricos. Para que este plano tenha sucesso a nossa potência militar deve ser ainda maior que aquilo que é actualmente, pois todo e qualquer movimento de revolta deve ser punido seja por humilhações em massa - como em Gaza e na Cisjordânia - seja por meio de bombardeamentos e aniquilação de cidades - como no Líbano -, ou por uma conjunção de ambos."
Israel Shahak (1933-2001) foi professor de química orgânica na Universidade Hebraica de Jerusalém. Foi também um presidente assaz incómodo da Liga Israelita para os Direitos Humanos e Cívicos, sendo cada um dos seus livros receado pelo poder. Os "Shahak Papers", disponíveis neste site, são fascinantes - e arrepiantes. A quase vinte e cinco anos de distância, a guerra Irão-Iraque - que deixou ambos os países exangues -, as duas guerras do Golfo (1991 e 2003) e a recente ofensiva no Líbano mostram a que ponto de minúcia e sobretudo cinismo foi conduzido o "Plano Sionista para o Médio Oriente".
(Tradução de um artigo saído no semanário Rivarol de 28/07/2006.)
2 comentários:
Oriana Fallaci - PRESENTE!
Caro FSantos
Será isto a famosa 'teoria da conspiração'!?
Enquanto dominarem os media estamos tramados. O povinho não sabe ler, mas emprenha de ouvidos.
Saudações monárquicas.
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