sexta-feira, novembro 24, 2006

O KGB, vivo e "em forma"

Por enquanto só há suspeitas, mas mais uma vez o FSB (ex-KGB) parece estar envolvido na morte de um activista anti-Putin, no caso Alexander Litvinenko.
O presidente russo, "formado" (ou formatado) no KGB, tem mostrado sempre a maior frieza na hora de lidar com oposicionistas: seja prendendo-os sob acusações mais ou menos forjadas, seja liquidando-os, como parece ter sido o caso da jornalista Anna Politkovskaia (já por mim evocado) e do infeliz Litvinenko. Em qualquer dos casos, os métodos são tipicamente soviéticos, tratando-se muito simplesmente de cortar pela raíz qualquer hipótese de verdadeira oposição.
A Rússia é hoje um país que concilia uma economia de mercado distorcida (máfias, privatizações fraudulentas, controlo e apropriação por parte do Estado de sectores estratégicos) com um controlo férreo de quantos ponham em causa a autoridade do presidente. A comunidade internacional, com a UE à cabeça, é feroz crítica do presidente bielorrusso Alexander Lukashenko mas Putin em pouco difere do seu vizinho ocidental. É, digamos, um autoritário refinado, cobrindo-se de uma capa democrática e não tendo (até aqui) que falsificar resultados eleitorais, tendo o povo na mão em grande medida pelo pavor do terrorismo, que tem alimentado em proveito próprio (como tenho defendido).
Hoje já não se trata de defender um regime comunista, trata-se apenas, à boa maneira africana, de sustentar um poder pessoal, assente na repressão e no favorecimento de uma clique de apoiantes e fiéis.
Podendo por ora respirar na frente económica graças sobretudo ao elevado preço do petróleo, que tem enchido os cofres do Estado, Putin vai governando como quer. A Rússia, pese o glamour dos reclames de neon, dos centros comerciais vistosos, da juventude "liberta" e entregue às modas ocidentais, continua um país cinzento e opressivo, como nos tempos da ex-URSS.

3 comentários:

JSM disse...

De facto, porque será que o Ocidente, USA incluído, contemporiza e condescende com este frio ditador e está sempre pronto a julgar quem se chame Saddam ou outro qualquer que se oponha aos seus ditâmes?! Porque será? Nem me atrevo a falar da China, essa democracia liberal, com economia de mercado, rainha dos direitos humanos, com interrupção da gravidez obrigatória, casamento de homosexuais, salas de chuto, etc. Até porque também consegue albergar casinos!
Bem, perdi-me, aonde é que eu ía?
Um abraço.

Rouxinol disse...

O governo Russo só tinha a perder com a morte de Litvinenko, sobretudo nesta altura.

Deixei a minha opinião aqui

Anónimo disse...

In it something is. Now all became clear to me, Many thanks for the information.