quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Subúrbios

No jardim central da Amadora, durante o dia, só se vê praticamente dois grupos de pessoas: negros com menos de 25 anos, brancos com mais de 65. Duas gerações de desocupados.
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O moderno tribunal da Damaia parece um bunker inserido numa zona extremamente degradada, onde praticamente só vivem imigrantes africanos: o Bairro 6 de Maio. Dir-se-ia que a localização se deve ao potencial "mercado de clientes" do palácio de justiça. Um amigo meu que costumava sair na estação da Damaia para ir trabalhar ali perto dizia que nunca tinha sido incomodado - mas que já tinha visto um homem morto jazendo no chão.
Os mercados de rua propõem um pouco de tudo, desde comida africana a objectos de maior ou menor utilidade. Os cabeleireiros afro têm um público-alvo bem definido.
Passando o aqueduto temos a Cova da Moura a poucas centenas de metros.
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Santo António dos Cavaleiros é uma cidade-dormitório do concelho de Loures. Aplica-se-lhe o que Salazar dizia sobre os aglomerados de prédios altos e desengraçados, a que chamava "colmeias". O modelo comunista está perfeitamente exemplificado nesta localidade: uma monotonia urbana igualitarista; um universo cinzento e concentracionário; um conjunto de edifícios altos erguidos nos montes sobranceiros a Loures. A região saloia está ali à porta mas parece quase algo de outro mundo. No vale de Loures ergue-se, infame, o novo shopping, de arquitectura grotesca. Adivinha-se a romaria de cidadãos-consumidores.

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