sexta-feira, janeiro 18, 2008

Juventude

Juventude pássaros no sangue,
Ó incêndios de luz !
P'la distância inda mais além
Que à distância conduz.
(Vasconcelos Sobral, poema para o 4º andamento da 4ª Sinfonia de Jolly Braga Santos)
Como é evidente, a juventude é a mais sacrificada à propaganda daquilo a que Marx chamava a "ideologia dominante". Desde a mais tenra idade que se apela ao seu humanismo, à sua tolerância e à sua aversão aos extremismos; o objectivo, claro está, é contribuir para a demolição das nações, suas tradições, do orgulho pátrio, em suma). Na adolescência esses "valores" (mais que inculcados, inoculados) são exacerbados pelo irrequietismo típico da idade, pela ânsia de mudar as coisas - numa palavra: pela revolta. Tem a espantosa ingenuidade de crer que se está a revoltar contra o "sistema", quando este a manobrou habilmente no sentido que pretendia: passados os "anos de brasa", os jovens tornados homens vão arrepiar caminho em relação às utopias mas - facto transcendente - vão manter um núcleo de valores, de que não abdicam, aquilo para que o "sistema" as programou: humanismo, tolerância, aversão aos extremismos; uma espécie de eterno retorno. Após as digressões oníricas de transformação do mundo a chegada ao ponto de partida, a adopção dos valores inoculados a par da ilusão da manutenção, mesmo que interior, dos princípios de revolta. Conhecem melhor e mais perfeita manipulação?

2 comentários:

Anónimo disse...

A minha juventude é solitária... muito solitária... entre todas estas ruínas.

Anónimo disse...

Excelente, mas equem vê isso?

Conheci o blog pelo Gazeta da Restauração, e vou passar por cá mais vezes para o ler.