Como é que poderíamos caracterizar um jornalista racista? Na hipótese mais simples e pragmática seria aquele que, perante situações objectivamente semelhantes, trataria a informação de forma diferente consoante a raça envolvida em cada uma dessas situações.
Um exemplo típico é aquilo que se passa na África do Sul e no Zimbabwe. Perante as arbitrariedades cometidas pelos governos respectivos relativamente às minorias brancas desses países, os media democráticos passam o assunto de mansinho, com breves referências e - cúmulo dos cúmulos para quem está sempre prontinho a dar lições de moral democrática - sem grandes comentários. É escusado referir qual seria a sua atitude se as mesmíssimas situações tivessem os seus intérpretes trocados, com os brancos a cometer todo o tipo de tropelias sobre os explorados de cor.
Outro exemplo deste racismo jornalístico é-nos trazido pelo "Jantar das Quartas". Todos sabem que o presidente de Angola é antes de mais o presidente da sociedade Angola - Petróleos e Diamantes, S.A. A corrupção, os desvios de fundos públicos, o enriquecimento ilícito, já de si obviamente condenáveis em qualquer contexto, são-no mais ainda quando são conhecidas as dramáticas condições em que vivem mais de 90 por cento dos angolanos.
Estamos, em resumo, no campo da desonestidade jornalística despudorada. Para além da ocultação de informações que possam pôr em causa o dogma da pesada herança africana pela exploração ocidental secular, os jornaleiros de serviço mostram a sua face de simples serventuários de ideologias sinistras, revelando involuntariamente o quão desadequadas elas são face à realidade - essa teimosa.
sexta-feira, abril 07, 2006
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