terça-feira, abril 04, 2006

A queda

O pesadelo, infelizmente bem real, narrado pelo Engenheiro é algo que me faz reflectir frequentemente. Penso no país que somos, no regime em que vivemos, na mentalidade das pessoas, nas suas expectativas e aspirações. Penso no mundo em que os meus filhos vão (estão a) crescer, com o que se vão confrontar. Penso, enfim, no que representa Portugal e que visão terão eles do país que os viu nascer.
Quando mostro ao meu filho mais velho monumentos gloriosos, quando lhe conto feitos notáveis dos nossos antepassados, dou comigo a pensar no confronto que um dia ele fará entre esse passado ilustre e a realidade em que se encontra. Dir-me-ão, se calhar com razão, que esse desencanto é o mesmo em todos os países ocidentais, que a decadência é geral, que a ética, os princípios, o orgulho nacional estão em debandada por toda a parte. E é verdade, até aí imitamos tristemente o que vem de fora. Fomos liberais quando o liberalismo crescia em pleno Novecento; industrializámo-nos a reboque do exemplo externo; derrubámos a Monarquia quando as funestas ideias trazidas pela tropa napoleónica estavam já disseminadas entre a burguesia citadina; implantámos a Ditadura seguindo o exemplo italiano; debandámos das colónias quando o "vento da História" (esse prostituto) assim o indicava; descobrimo-nos "europeus"(1) no pior sentido (o da esmola); estamos agora no caminho de sermos "tolerantes", pondo em prática toda a panóplia ideológica, cultural e legislativa tendente a desarmar os portugueses que ainda não desistiram de lutar pela sua identidade.
Portugal tornou-se, assim, um país "normal": democrático, participante na integração europeia, "aberto" a todas as ideias modernas e a todos os povos que escolhem demandar a Lusitânia em busca de melhor vida. Um país que faz do consumo um objectivo de vida, que ocupa as mentes da população com publicidade, com sexo, com futebolices, com intriguinhas. Um país que, pese o maior poder de compra, continua a ter a cultura como parente pobre e em que a pouca que vai sendo divulgada é criteriosamente seleccionada por comissários político-ideológicos, que vão moldando com sucesso a Weltanschauung das massas.
É o meu país. Porque o amo não desistirei de passar aos meus filhos (e aos poucos que por aqui vão passando) o que de melhor ainda tem e sobretudo o que de melhor teve e mostrou ao mundo.
Viva Portugal!

(1) «Tornámo-nos europeus de primeira, espanhóis de segunda e portugueses de terceira», dixit Miguel Torga.

4 comentários:

Anónimo disse...

Viva Portugal, vivam as Pátrias e Nações europeias, Viva a Europa...Viva o Império!

Legionário

Anónimo disse...

O meu teste (só para quem recebeu!):
1º Tigre; 2ªCavalo; 3ºOvelha; 4ºVaca;5ºPorco

Cão-Fidelidadde;Gato-Independência; Rato-ladrão; Café-aceleração; Mar-imensidão
!!!!!!
Só não reenviei 9 vezes. Como sempre nestas coisas, apago e quebro "cadeias"

Legionário

JSM disse...

Caro FSantos
Acompanho o seu brado, os seus anseios, a sua angústia, no meio deste pantano que tudo dissolve, onde ninguém é ninguém, onde todos querem ser iguais a todos, de preferência, ao boneco ou à boneca da televisão!
Resta-nos remar contra a corrente e como muito bem diz. temos que transmitir o testemunho. Alguém, algum dia, levantará a nossa bandeira.
Um abraço de esperança.

vs disse...

Ora ainda be que escreveu este post.
Terei todo o gosto em comentá-lo.
Posso assegurar-lhe que esta situação vai alterar-se radicalmente se eu for eleito Primeiro-Ministro.

E isto por três ordens de razões:

1º - Porque as políticas implementadas serão as correctas.

2º - Porque convidarei o FSantos para o Executivo

:D