sábado, dezembro 30, 2006

(Mais uma) vitória para a democracia

Já aqui o disse e repito: Saddam Hussein foi um ditador brutal e mesmo sanguinário, que nunca hesitou em cometer massacres para reforçar as suas rédeas no poder. Desde os primeiros momentos como presidente, quando designou sadicamente, numa assembleia do Baath, os elementos que iria eliminar, que Hussein deixou a sua marca.
Mais do que ninguém, iraquianos (e iranianos) sofreram na pele a sua governação despótica e pouco preocupada com as necessidades do povo. Poder pelo poder, poderia ser a sua divisa.
A sua execução nesta madrugada foi em especial saudada por xiitas e por... democratas ocidentais, em particular George W. Bush, que nela viu uma marca do avanço democrático no país que invadiu, desgovernou e ajudou a lançar numa feroz guerra civil. Responsável por dezenas de milhar de mortos, pela inépcia, falta de planeamento, messianismo democrático e desleixo que a sua administração demonstrou, Bush nunca será julgado pelos seus crimes. Tal como Blair, outro impecável democrata.
Muito na sombra em todo este processo, Israel vai marcando pontos na sua agenda internacional. Um Iraque dividido ou mesmo retalhado será algo sempre do agrado do estado sionista, que vai vendo com satisfação ruírem os últimos vestígios de pan-arabismo.

4 comentários:

Vimaranes disse...

Um ditador brutal que agora quiseram transformar num mártir. Regar as fogueiras com gasolina nunca deu grande resultado e isto só promete aumentar o radicalismo dos insanos.

Bom anos 2007, caro FSantos e tudo de bom para si e para toda a sua família!

JSM disse...

Uma excelente análise como sempre, gostei especialmente da parte final, onde se constata que o plano sionista vai em frente. Antes de lhe desejar um Bom Ano, gostaria de deixar aqui um único e pequeno reparo - quando é que seremos capazes de iniciar um requiem sem ter a necessiade de enumerar, ou será julgar, o sentenciado!
Agora, sim, este seu amigo deseja-lhe um Bom Ano para si e para a sua família.

Anónimo disse...

Caro FSantos:

As «vitórias para a democracia» arriscam-se cada vez mais a tornar esta sinónimo da mais abjecta tirania. Mas, como todos os ídolos de pés de barro (tão ao gosto de certas pessoas), também a idolatrada «democracia» deles acabará por ruir, acompanhando a queda das máscaras que agora se precipita como um outono tardio. Que 2007 sirva para iluminar os muitos espíritos que ainda permanecem na penumbra das ilusões mediáticas.

E para si, meu Caro FSantos, desejo-lhe um excelente 2007, com tudo de melhor.

�ltimo reduto disse...

Diz muito bem o nosso amigo JSM quando questiona "quando é que seremos capazes de iniciar um requiem sem ter a necessiade de enumerar, ou será julgar, o sentenciado!"...

E agora também aproveito para desejar a todos - e ao dono da casa - excelentes entradas num ano que se anuncia difícil...!
Grande abraço.