terça-feira, janeiro 30, 2007

La Piovra

Tenho seguido com o maior interesse a redifusão na RTP Memória de "O Polvo", a famosa série de televisão italiana dos anos 80. Michele Placido é o comissário que luta praticamente contra tudo e contra todos para acabar com o poder mafioso em Itália.
A série não cai em maniqueísmos fáceis, procurando caracterizar os mafiosos, com as suas contradições, anseios, desumanidades, fraquezas.
Tendo conhecido a sua pior fase durante o regime fascista, quando foi severamente reprimida, a Cosa Nostra ressurgiu das cinzas com a "libertação", ao receber o apoio tácito dos americanos na luta contra o comunismo, pujante à época.
A luta da justiça italiana do pós-guerra pareceu sempre inglória, tendo conhecido um dos seus momentos mais traumáticos no início dos anos 90 com o assassinato dos corajosos juízes Falcone e Borsellino e com os atentados a alguns símbolos da cultura italiana como a Galleria degli Uffizi, em Florença (onde eu tinha estado poucos meses antes).
O recurso aos pentiti (arrependidos) foi o ponto de viragem, sucedendo-se as denúncias e as traições. A emergência das máfias de leste, nomeadamente russas, também contribuiu para um certo eclipsar da Cosa Nostra.
É em tudo isto que penso quando vejo uma das séries mais trágicas e humanas de sempre, "O Polvo".

2 comentários:

Anónimo disse...

Maravilhosa, uma das minha preferidas, gosto de tudo, desde a banda sonora, ao trabalho dos actores. E, já agora, o Giovanni Falcone foi um dos meus heróis de juventude.

Anónimo disse...

E o que é que o Apito Dourado tem a ver com isto?