Triste espectáculo, aquele que nos é trazido pelos candidatos tidos como favoritos a entrar na segunda volta das Presidenciais francesas. Tal como há cinco anos, a imprensa já decidiu quem é que vai à segunda volta e nem o "terramoto" lepenista de 2002 contribui para um pouco de pudor entre os fazedores de opinião.
Ségolène e Sarkozy vão, assim, disputar uma segunda volta renhida. Querem-nos fazer crer que os candidatos não poderiam ser mais diferentes: de um lado a "bela" Ségolène, transbordante de charme, capaz de trazer enfim algum pragmatismo ao socialismo francês; do outro, o "duro" Sarkozy, o pró-americano (e pró-israelita), capaz enfim de mostrar a face determinada de uma direita do sistema até aqui incapaz de lidar com a insegurança e com a imigração desregrada.
E, no entanto, uma observação atenta encontrará mais semelhanças que diferenças entre os dois candidatos: em ambos a mesma incapacidade (ou vontade) de identificar a origem dos problemas que afectam um país em marcha acelerada para o abismo (imigração em massa, corrupção endémica, peso do Estado, corporativismo, aversão ao risco e à livre iniciativa); em ambos a mesma retórica balofa sobre a "nova" França, plural, tolerante, mestiça; em ambos, enfim, o oportunismo de par com a hipocrisia, escondendo sob palavras atraentes (?) um único desejo: chegar à cadeira do poder. A França, a civilização ocidental, connais pas.
1 comentário:
E se Sarkozy chegar ao Élysée, será o primeiro governante não francês da antiga terra dos Francos.
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