segunda-feira, maio 07, 2007

A vitória de Sarkozy

«[A política de imigração de Sarkozy] é uma boa política, que nos faz ter em conta a necessidade de amar os nossos países e de trabalhar em prol da sua evolução, pois é melhor viver no seu próprio país que no estrangeiro». Estas as declarações de um economista próximo do presidente do Congo-Brazzaville, Denis Sassou Nguesso, que apela ainda a juventude africana a trabalhar pela reconstrução do continente.
Não sei se Sarkozy pretende implementar uma política de imigração restritiva, embora tenha sido com essa expectativa que muitos franceses nele votaram. Uma coisa são as intenções, outra a realidade prática. Para já, a noite de ontem mostrou o terrorismo urbano em acção, com actos que fazem a kale borroka basca parecer uma brincadeira de adolescentes acnosos. A pressão sobre eventuais medidas impopulares do novo presidente fazer-se-á sentir. Os sindicatos já disseram que estão alerta. Alguns imigrantes e agitadores esquerdistas já o mostraram. A oposição fará o seu jogo. Num país em que todos são muito ciosos dos seus acquis, ninguém quer perder privilégios e regalias, por muito abstrusos e abusivos que sejam. Aqui residirá a dificuldade da governação Sarkozy, se este realmente pretender mudar alguma coisa no decadente país.
A nível de política externa é de prever o estreitar dos laços com os EUA, embora seja curioso imaginar como é que essa relação decorrerá caso daqui a ano e meio seja eleito um presidente democrata. Talvez Sarkozy se sinta mais à vontade nesse cenário, que aliviaria um pouco a pressão da esquerda. Quanto às relações com Israel, o novo presidente terá que se esforçar muito por mostrar alguma equidade na abordagem do conflito palestiniano; com uma "rua" cada vez mais árabe, nenhum presidente francês se pode dar ao luxo de um apoio incondicional a Israel.

1 comentário:

O Réprobo disse...

Meu Caro F.Santos, de acordo com a maior parte, apenas suspeitando de que a principal ameaça virá dos desocupados, já que a estruturas sindicais não deverão encontrar grande eco entre os seus fiiados, que, segundo as sempre suspeitáveis sondagens, querem trabalhar mais do que a semana de trinta e cinco horas consente. É uma mudança estrutural de tomo a generalzação de uma vontade de ganhar mais, para consumir ao nível dos vizinhos, em vez da luta por horários quantitativamente menos impositivos. A França, também por aí, a tornar-se menos francesa?
Abraço