A morte de Filipe Ferrer, aos 70 anos, constitui uma perda para o teatro nacional. Não acompanhei a sua carreira nos palcos, infelizmente. Dele retenho sobretudo duas participações extraordinárias, uma para televisão e outra para cinema.
Uma série de televisão em quatro episódios, "Pós de Bem-Querer", trouxe-nos um Ferrer na pele de um monárquico durante a I República, sempre ansiando por uma revolução que derrubasse o odioso regime. A caracterização do personagem era um pouco caricatural, politicamente correcto oblige, mas Ferrer deu-lhe corpo com mestria.
O filme "Camarate" de Luís Filipe Rocha denunciou com todo o mérito (argumentativo e cinematográfico) toda a trama que conduziu ao encobrimento daquilo que na verdade constituíu um crime. Filipe Ferrer representava um advogado que tenta levar a filha a conduzir a investigação para além do espírito corporativo e acomodado dos advogados de regime.
Descanse em paz, na sua Faro natal.
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