sexta-feira, junho 15, 2007

Visto em Roma (2)

Benditas as cidades, como Roma, que põem este terrível dilema aos visitantes: que ver? Ou, por outras palavras, que seleccionar de entre a plêiade de monumentos e locais que ela nos oferece? E creiam-me que não foi tarefa fácil proceder a essa selecção. Só levava comigo uma certeza: prioridade absoluta ao Fórum Romano; mais tempo não houvesse, uma visita a esse centro da vida política, jurídica e comercial da Roma antiga afigurava-se-me indispensável. Por aí comecei, portanto.
O Fórum encontra-se situado entre dois locais também emblemáticos: o Capitólio e o Coliseu. Má rês como sou, comecei o passeio umas duas centenas de metros mais a norte, para ver o Pallazzo Venezia, de onde o Duce fazia discursos às massas romanas. Segui para o Capitólio (Campidoglio, em italiano). Este, situado numa colina, representava a autoridade de Roma, caput mundi (cabeça do mundo); de resto, a palavra "capital" tem origem no nome Capitólio. Não vos vou massacrar com detalhes que encontram em qualquer bom guia da cidade, mas deve-se referir a magnífica praça desenhada por Michelangelo, os palácios nela situados e que albergam belos museus. Curiosas também as ruínas de uma insula, ou ilha, essas habitações com escassas condições de conforto, onde habitava a plebe. É interessante constatar como na cidade do Porto ainda hoje se designa por "ilhas" os bairros mais degradados, compostos por casas térreas que regra geral dão para um pátio comum.

Do alto do Capitólio tem-se uma vista soberba sobre o Fórum. Aqui o visitante fica embasbacado perante a imagem em ruínas do que terá sido a magnificência deste local, composto por arcos, templos, colunas, basílicas (que à época não tinham qualquer função religiosa), centros de transacções e recolha de tributos. É difícil seleccionar algo de entre este acervo soberbo, mas referirei: a Casa das Virgens Vestais, sacerdotisas que dedicavam trinta anos da sua vida a manter aceso o fogo sagrado, a vigiar o Paládio (a mítica estátua da deusa Atena), a ensinar as noviças no seu ofício e - claro - a permanecer virgens (sob pena de serem enterradas vivas); e o Arco de Tito, que comemora a vitória deste sobre os judeus, em 68 d.C., que culminou com a queda de Jerusalém e a diáspora judaica. No interior do arco dois belíssimos relevos, retratando o desfile da vitória, vendo-se alguns troféus de guerra, como um candelabro de sete braços.

O Coliseu, apesar do suplício que é circular pelo maralhal de turistas que por lá abunda, merece uma visita demorada. A sua construção foi ordenada por Vespasiano, em 72 d.C.. Como sabem, lá se faziam combates de gladiadores e lutas de animais selvagens. Podia albergar até 70.000 pessoas. O acesso era feito através dos seus magníficos 80 arcos, que circundam todo o edifício.

A sul do Fórum situa-se o Palatino, numa colina muito agradável, de onde brotam diversas fontes de água aparentemente puríssima (ainda não adoeci, portanto...) e que constituía um dos locais mais procurados pelos habitantes mais notáveis da cidade, como o orador Cícero, o poeta Catulo, o imperador Augusto (que viveu sempre em condições modestas) ou os seus espaventosos sucessores Tibério, Calígula e Domiciano. De entre os belíssimos monumentos que se pode visitar merecem menção as Cabanas de Rómulo, ruínas das primeiras construções de Roma, supostamente erigidas no tempo de Rómulo (século IX a.C.).

Mais a sul, as impressionantes Termas de Caracala. Mandadas construir por este imperador em 317 d.C., são uma construção ainda hoje imponente. Podiam receber até 1600 banhistas, havendo, além dos diversos banhos (de água quente, morna e fria) e da piscina, ginásios, galerias de arte, bibliotecas e jardins. É um dos monumentos de Roma que melhor conjuga a magnificência com a quietude (os turistas aparentemente ficam-se pelo Coliseu, perdendo de resto a oportunidade de ver o local onde começava a Via Appia).

O Circo Massimo, no Aventino (área a sudoeste do Palatino e que lhe é adjacente), era o maior estádio da Roma Antiga. As bancadas podiam receber até 300.000 pessoas, que acorriam a ver as corridas de quadrigas (lembram-se de Ben-Hur?), outras competições desportivas e lutas entre animais selvagens. O que terá sido a pista ainda hoje está visível, destacando-se pela sua terra batida em contraste com os relvados circundantes. Por lá andei, tentando imaginar o rumor da multidão, o trote dos cavalos, o choque dos carros...

(continua)

4 comentários:

�ltimo reduto disse...

Venha a terceira entrega! :)

Anónimo disse...

O Nonas vai abrir na Câmara Municipal de Lisboa uma "Sala Nonas" com Meninas!
em:
http://nonas-nonas.blogspot.com/2007/06/sugesto-para-edilidade-alfacinha.html

Anónimo disse...

Monumento viviente italiano: Orchidea de Santis

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.