O Porto conserva um ambiente provinciano que a mim, que lá não vivo, me agrada. Não é uma cidade fechada, estagnada. Mas também não é uma urbe descabeladamente aberta a tudo o que é novidade ou fashion. O seu orgulho, que tantas vezes é interpretado pelos lisboetas como bacoco provincianismo, tem razões de ser, algumas boas: o ter sabido, na enxurrada de décadas de revoluções e progresso tecnológico, manter uma identidade que em Lisboa já é difícil encontrar. Aqui, em vez de se lutar por encontrar e reforçar essa identidade, pretende-se promover a ideia de que Lisboa se reencontra no reencontro com o outro: com os de fora, com a cultura importada, com as gentes que por aqui desaguam; sem ocultar os intercâmbios, tantas vezes profícuos, de séculos de que a cidade é testemunho, procura-se incorporá-la de golpe, de uma forma ideologicamente pensada e implementada, na era globalizadora. Descaracterizá-la fazendo-nos crer que se reforça a sua identidade.
Nessa falácia (ainda) o Porto não caíu.
2 comentários:
Mas nem tudo são rosas...!
E aqui, por vezes, tambem já se sente a asfixia multi-qualquer coisa.
Temos que encontrar um "zona-franca" para a nossa gente se encontar mais vezes.
Abraço
Legionário
O Porto já foi bem mais orgulhoso. Mas esse orgulho levava a fazer as coisas de uma maneira diferente. Hoje em dia, sobretudo desde Fernando Gomes, o Porto deixou de ser Tripeiro e passou a ser apenas Portuense, a sua única ambição é copiar Lisboa. E como nós sabemos as cópias são sempre muito piores que os originais.
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