O cidadão-x, aquela anónima criatura tão evocada quão desprezada pelo poder político democrático, é diariamente bombardeado com notícias de proveniências as mais diversas, desconexas. Não deve perder muito tempo a tentar interligar factos, nomes, acontecimentos; no chorrilho ininterrupto de despachos e notícias não há quase nunca a preocupação de discernir as causas, as relações entre eventos, o papel interventor de certos agentes (nem sempre actuando às claras). Claro que os "emissores", os pomposamente chamados órgãos de comunicação social, que mais se assemelham a órgãos de intoxicação social, não o ajudam: ou o deixam desamparado à mercê dos fluxos informativos, ou paternalisticamente dizem-lhe o que concluir; e aí, claro, o pensamento (?) dominante impõe a interpretação da actualidade de uma forma subreptícia mas eficaz.
Quando fala em "valores democráticos", impostos pelo sistema ao serviço do qual actuam, está de golpe a anatemizar quaisquer outros valores, que só podem ter lugar em mentes retrógadas, incivilizadas ou francamente inimigas do género humano. Criam-se reacções pavlovianas na mente do baralhado cidadão-x, que já nem consegue raciocinar para além da estrutura mental para que foi orientado (dir-se-ia programado) desde pequenino.
No "1984" de George Orwell (livro que teve como título preliminar "The Last Man in Europe") a sociedade totalitária retratada (e que nos querem fazer crer que está bem longe daquilo que se passa no Ocidente) tinha como princípios: "Guerra é Paz", "Liberdade é Escravidão" e "Ignorância é Força". Nas nossas sociedades democráticas lançam-se guerras em nome da paz (e da democracia, claro!) e manipulam-se as mentes fazendo crer às massas ignaras que são mais livres do que o Homem alguma vez foi na história da humanidade.
E o cidadão-x acredita. Não fosse a crise económica ele até podia ser perfeitamente feliz!
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1 comentário:
Este mundo actual é uma mescla perfeita de "1984" e "Brave New World".
Assustador, mas vamos vivendo... e resistindo.
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