O título deste postal parece ser a piada do dia - mas não é, pelo menos a fazer fé no que divulgam os Repórteres sem Fronteiras, organização que «tem como principal objectivo a defesa da liberdade e do direito à informação».
Das duas uma: ou os outros quase 200 países estão muito mal neste particular, ou este relatório é uma anedota (ou, muito provavelmente, verificam-se as duas situações). Não é preciso muito para constatar a cinzenta uniformização da opinião publicada em Portugal. Se não há mecanismos formais de censura (o que até começa a ser discutível) há claramente códigos não escritos e indicações rígidas aos jornalistas sobre os temas que não podem abordar e sobre notícias que é melhor não divulgar. A censura informal chega à cultura, existindo obras e autores que se não divulgam, salvo para serem criticados impiedosamente.
Depois há os "mecanismos de mercado" associados à ideologia: quem tiver pretensões de ter uma publicação não conformista não conseguirá angariar publicidade, por receio dos potenciais anunciantes de ficarem mal vistos, podendo ser criticados publicamente pelos zelosos defensores do politicamente correcto e mesmo podendo mesmo pôr em risco a sua posição em concursos públicos.
A liberdade de imprensa em Portugal, como de resto - tendência inquietante - na maior parte daquilo a que muitos, sem noção do ridículo, ainda vão chamando "mundo livre", vai mal, obrigado.
quarta-feira, outubro 17, 2007
Portugal é um dos 10 países do mundo que mais respeita a liberdade de imprensa!
Etiquetas:
censura,
Liberdade de imprensa,
politicamente correcto
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
6 comentários:
Até fico com pele de galinha só de imaginar como será o controlo sobre a imprensa nos países do 11º para baixo...
Caro amigo, um artigo directo ao alvo! A moderna censura, pela forma subtil e discreta como actua, é muito mais poderosa e eficaz do que a censura às claras do antigamente.
Aproveito também a oportunidade para felicitar-te pela passagem de mais um aniversário de lides bloguísticas!
Confunde-se muito liberdade de expressão com liberdade de excreção.
A não ser - e é muito provável - que esses «Repórteres sem Fronteiras» estejam a utilizar uma dialética orwelliana, à «1984» («Guerra é Paz», «Ignorância é Força», «Liberdade é Escravidão»), invertendo o sentido a tudo (na verdade, onde é que a «segurança social» é segurança do que quer que seja, por exemplo?).
Neste caso, a «liberdade» e o «direito à informação» seriam (e serão, muito provavelmente) apenas a liberdade das várias oligarquias governantes fazerem o que querem sem uma imprensa livre a levantar-lhes o véu da imundície, e o direito dessas mesmas oligarquias nos impingirem as patranhas que achem por conveniente.
Uma tristeza. Com «democracias» assim, quem é que precisa de ditaduras? (se calhar haveria nelas mais liberdade, da verdadeira).
LEI LIBERTA RECLUSOS
A primeira consequência da entrada em vigor das alterações às leis penais foi a libertação de reclusos que passaram a estar com excesso de prisão preventiva, devido à redução dos prazos.
VIOLADOR SOLTO
Fábio Cardoso, condenado a 12 anos de prisão pelos abusos sexuais que levaram à morte de Daniel, de seis anos, saiu em liberdade no dia 15 por excesso de prisão.
HOMICIDAS NA RUA
Os três homens condenados a 22 anos de cadeia pela morte do inglês John Turner também saíram da cadeia por excesso de prisão, uma vez que o processo está em fase de recurso.
A liberdade de imprensa existe mesmo.. para os que a têm.
Em Portugal é absoluta, e nenhum dos que a têm nas mãos se vai queixar dela.
Só se queixa quem não tem...
O problema é mesmo de acesso, que está realmente vedado para os de fora desse círculo que a tem toda.
Enviar um comentário