sexta-feira, novembro 09, 2007

Marcel Aymé, 1902-1967

No passado dia 14 de Outubro cumpriram-se quarenta anos sobre a morte de um dos maiores escritores franceses do século transacto: Marcel Aymé. Homem livre, sem escolas nem partido, escreveu o que quis, onde quis e quando quis. Não se coibiu de satirizar o nazismo, como não se coibiu de escrever no jornal colaboracionista Je Suis Partout; satirizou a França do Front Populaire como estigmatizou a França pós-libertação, acusando os oportunistas que beneficiaram da colaboração económica e que tiveram bem melhor sorte que os que embarcaram na colaboração ideológico-política, tal como denunciou as arbitrariedades e abusos dos depuradores.
Foi um fino observador da sociedade e dos homens, mesclando uma ironia mordaz com alguma compaixão. Não era um misantropo e quem com ele privou só guardou as melhores recordações daquele a quem se pode chamar um homem bom.
A sua independência é uma das causas para um certo ostracismo que se abateu sobre a sua obra, apesar do sucesso inegável de alguns dos seus livros. A sua escrita não é especialmente rebuscada, apesar de não ser ligeira, pois Aymé possuía aquela arte rara de pintar homens e situações com clareza e profundidade.
Morreu numa época em que já se destacavam autores que procuravam mascarar numa complexidade artificial a falta de ideias e talento, espelho da sociedade fútil e fátua em que fomos condenados a viver.

1 comentário:

Manuel disse...

A data é realmente 1967.
Reparei que há um lapso no artigo de VOX NR que fala em 50 anos sobre a morte...
Mas leia-se:
http://www.voxnr.com/cc/d_france/EEAFlkyyupvFwZlcQO.shtml