Não tenho seguido com demasiada atenção o chamado "caso Esmeralda". Tal como o meu amigo Corcunda, «há dias em que olho à volta e me sinto fora deste contexto». Embora seja um drama a situação da menina, o impacto mediático do caso é excessivo face a outros problemas que assolam o país e o mundo.
E neste caso é flagrante a manipulação da opinião pública. A utilização permanente dos termos "pai biológico" e "pais afectivos" não é inocente. Se há quem pense que a defesa destes últimos por parte dos jornais e televisões deriva da filiação maçónica do "pai afectivo", eu vejo a questão com maior amplitude: porque é que em vez de "pais afectivos" não se fala em "pais adoptivos"? Porque é que o pai da criança é remetido para o simples papel "biológico", separando-se a concepção do afecto?
A meu ver a mediatização do "caso Esmeralda" configura simplesmente mais um atentado à família, desumanizando-se a paternidade e dando-se a entender que qualquer um, desde que tenha afecto para dar, pode ser um "pai substituto". Já não virá longe o tempo em que "pais biológicos" que sejam considerados "inimigos de democracia" podem ver-lhes retirados os filhos, que seriam entregues a "pais afectivos" - ou a centros de reeducação. Democrática, claro.
quarta-feira, novembro 28, 2007
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
Não se pode falar em pais adoptivos porque o sargentão quis "adoptar" uma criança à revelia do processo legal, ultrapassando centenas de casais em lista de espera.
O que se confronta no caso esmeralda, à parte as amizades abrileiras do tio do sargentão, é a possibilidade de fazer jurisprudência o roubo (porque na realidade foi um roubo) de crianças a pais pobres por parte de casais inférteis ricos.
Enviar um comentário