sexta-feira, dezembro 14, 2007

Um tratado

Mais uma vez os Jerónimos, esse glorioso símbolo da portugalidade, alberga a assinatura de mais um acto de abdicação pátria em favor do monstro que nos tem inundado de dinheiro e de regulamentações que quase já nos fazem hesitar se podemos dar dois passos seguidos sem desrespeitar alguma directiva comunitária.
Em 1985 um dos maiores tratantes da nossa história, anafado de auto-complacência (e anafado literalmente), deu o primeiro passo; destituídos das horrendas colónias por decisiva acção do dito cujo, só nos restava fazer o papel do mendigo bem comportadinho, yes-man por excelência ansioso de dar o flanco aos ecus que vinham de Bruxelas. Foi coadjuvado pelo pressuroso nativo do ex-Poço-agora-respeitável-Fonte de Boliqueime, diligente e competentíssimo demolidor da independência nacional. Um bloco central de uma eficiência de fazer inveja ao mais empenhado aparatchik do Kremlin de Bruxelas.
Veio, em 1992, o Tratado Mais-Triste; depois, o de Nice; depois o projecto de constituição, em má hora votado ao desprezo pelas massas, ignorantes como sempre. Temos agora o Tratado de Lisboa, assinado por quase três dezenas de governantes (um deles, envergonhado - mas sem vergonha-, até chegou tarde) e que só depende da boa vontade dos eleitores da velha Eire e dos checos para ser aprovado. Sim, porque, de Sócrates a Sarkozy, promessas de referendo leva-as o vento.
Por cá, o bloco central, a realidade mais palpável e permanente deste regime que leva já mais de três tristes décadas, continua a zelar por que não percamos tempo a ir a votos, maçada maior a que mesmo assim nos obrigam todos os quatro anos. A coisa faz-se: um país com tanta história não pode falhar o vento da história.
Publique-se.

2 comentários:

O Réprobo disse...

E os checos estão quase a voltar para trás, tanta pressão está a ser feita sobre eles. Nem percebo porquê, este é um jogo em que os europapões não podem perder: se derrotados num referendo, fazem outro.
Achas que numeraram as pedras dos Jerónimos para embarcá-las para Bruxelas?
Abraço

acja disse...

Camarada, agradeço pelos parabéns ao nosso acesso.
Não gostaria de trocar uma camisa da Lusa por uma do Belenenses?
Abraços!