segunda-feira, junho 12, 2006

Na dupla sombra das árvores

Dia de férias: para descansar do bulício diário, para fugir da rotina (profissional e familiar) - para fruir, demoradamente.
Um bom romance na mão, à sombra de uma árvore protectora da inclemência do sol, no Parque dos Moinhos de Santana, ao Restelo. As páginas sucedem-se imperceptivelmente, a narrativa de Sir Walter Scott prende o leitor, que só a espaços se apercebe do canto dos pássaros, dos gritos longíquos das crianças.
Mais tarde, outra deambulação pelo ocidente lisboeta: Belém. Local específico: Jardim Tropical (outrora com o nome politicamente incorrectíssimo nos dias de hoje de Jardim Colonial). É sempre um prazer fulanar pelas áleas de espécies arbóreas oriundas dos cantos do mundo onde também se fez nome Portugal. O sossego do local, entrecortado por gritos de patos e outras aves, convida à meditação, à leitura, a fechar os olhos e esquecer a cidade lá fora.
Neste momento decorre no local uma interessantíssima exposição de nome "Na dupla sombra das árvores". Exposição de fotografias apostas em telas transparentes, pousadas na sombra das árvores de grande porte do jardim, retratam vivências de África, da África profunda ainda pouco profanada pela modernidade e pela globalização. Cenas de trabalho, cenas de crianças, cenas de um mundo que parece passado e que será um dia tragado pela velocidade da mudança na nossa era. O despojamento das obras fotográficas casa perfeitamente com a simplicidade das vidas tradicionais, num cenário pobre mas digno. A sombra das árvores, o marulhar dos ramos, a brisa ligeira que abana levemente as telas, constituem um enquadramento soberbo para esta exposição invulgar.

3 comentários:

Nuno Adão disse...

A isto é que chama poesia livre... Onde todas as palvras tem o seu sítio certo.

José Manuel Dias disse...

Parabéns pelo Blogue. Voltarei...

Anónimo disse...

Lindo!
Até se sente o cheiro

Legionário