Brilhante descrição do usurário, a que se segue. Nenhuma palavra está ao acaso, num retrato notável.
«Era um homenzinho magro e sumido, de raros pêlos ruços, olhar azul de uma mobilidade desconfiada e cobiçosa, nariz adunco, e a espinha curvada da assiduidade à carteira. Havia um misto de covardia e inveja na sua face cadavérica, onde a fisionomia oscilava entre a expressão do medo e da perfídia - esse aspecto clássico dos avarentos, de feições secas e amarelentas, como as efígies cunhadas no ouro das suas moedas. Agitava-lhe o peito uma tosse áspera, que se confundia às vezes com o seu riso entrecortado, sem expressão de alegria; e as mãos, duma magreza esquelética, tinham nos dedos uma curva de garra, uma crispação rapace - como a de um milhafre que descobre a presa. (...) Uns temiam-no, outros odiavam-no. E ele com a sua cobiça de usurário e o seu prazer de tiranizar e ter na mão a vida alheia, insinuava-se, oferecia os seus serviços para os negócios que surpreendia ou adivinhava, e, uma vez cravada a garra nos bens das suas vítimas, martirizava-as com todas as pequenas opressões mesquinhas da agiotagem - os vexames das hipotecas, penhoras, citações, protestos de letras - rejeitando com inflexível dureza rogos, súplicas ou propostas de acomodação. Engolira assim os primeiros lucros de empresas nascentes, muito negócio em prosperidade, muita pequena fortuna acumulada nas lutas de um comécio honesto. Era riquíssimo, mas chorava-se sempre; e o seu negócio das chitas, rotineiro e medíocre, era a máscara humilde com que disfarçava a sua alta condição monetária na aventura desse latrocínio legal da usura.»
Este retrato é o de um personagem que aparece no início de "O Brasileiro Soares", excelente romance de Luís de Magalhães escrito em 1885. A obra tem um prefácio notável de um amigo do autor: Eça de Queirós. Há uma edição da Lello & Irmão relativamente fácil de encontrar à venda.
«Era um homenzinho magro e sumido, de raros pêlos ruços, olhar azul de uma mobilidade desconfiada e cobiçosa, nariz adunco, e a espinha curvada da assiduidade à carteira. Havia um misto de covardia e inveja na sua face cadavérica, onde a fisionomia oscilava entre a expressão do medo e da perfídia - esse aspecto clássico dos avarentos, de feições secas e amarelentas, como as efígies cunhadas no ouro das suas moedas. Agitava-lhe o peito uma tosse áspera, que se confundia às vezes com o seu riso entrecortado, sem expressão de alegria; e as mãos, duma magreza esquelética, tinham nos dedos uma curva de garra, uma crispação rapace - como a de um milhafre que descobre a presa. (...) Uns temiam-no, outros odiavam-no. E ele com a sua cobiça de usurário e o seu prazer de tiranizar e ter na mão a vida alheia, insinuava-se, oferecia os seus serviços para os negócios que surpreendia ou adivinhava, e, uma vez cravada a garra nos bens das suas vítimas, martirizava-as com todas as pequenas opressões mesquinhas da agiotagem - os vexames das hipotecas, penhoras, citações, protestos de letras - rejeitando com inflexível dureza rogos, súplicas ou propostas de acomodação. Engolira assim os primeiros lucros de empresas nascentes, muito negócio em prosperidade, muita pequena fortuna acumulada nas lutas de um comécio honesto. Era riquíssimo, mas chorava-se sempre; e o seu negócio das chitas, rotineiro e medíocre, era a máscara humilde com que disfarçava a sua alta condição monetária na aventura desse latrocínio legal da usura.»
Este retrato é o de um personagem que aparece no início de "O Brasileiro Soares", excelente romance de Luís de Magalhães escrito em 1885. A obra tem um prefácio notável de um amigo do autor: Eça de Queirós. Há uma edição da Lello & Irmão relativamente fácil de encontrar à venda.
5 comentários:
Sempre gostei de citações.
Vamos então a citações:
"Antes direi no ouvido dos psicólogos, supondo que desejem algum dia estudar de perto o ressentimento: hoje esta planta floresce do modo mais esplêndido entre os anarquistas e anti-semitas, aliás onde sempre floresceu, na sombra, como a violeta, embora com outro cheiro.”
Friedrich Nietzsche,Genealogia da Moral
"... tampouco me agradam esses novos especuladores em idealismo, os anti-semitas, que hoje reviram os olhos de modo cristão-ariano-homem-de-bem, e, através do abuso exasperante do mais barato meio de agitação, a afetação moral, buscam incitar o gado de chifres que há no povo..."
Friedrich Nietzsche,Genealogia da Moral
" A humanidade inclina-se diante de três judeus e de uma judia (Jesus, Pedro, Paulo e Maria). Roma foi vencida"
Friedrich Nietzsche,Genealogia da Moral
"[...] Você cometeu uma das maiores estupidezes - para si mesma e para mim!Sua associação com um líder anti-semita expressa um desconhecimento de todo o modo de vida que me preenche agora e sempre com ira e melancolia[...] É uma questão de honra para mim ser absolutamente isentado de toda associação com o anti-semitismo, isto é, me contrapondo a ele, como tenho feito nos meus escritos. Eu recentemente fui perseguido com cartas e prospectos anti-semitas. Minha repulsa em relação a este partido (que gostaria muito bem de se beneficiar de meu nome!) é tão declarada quanto possível, mas a relação com Förster, como o efeito colateral de meu antigo editor, este Schmeitzner anti-semita, sempre traz de volta aos sectários deste desagradável partido a idéia de que eu pertenço a eles, afinal. [...] Isto estimula uma desconfiança contra o meu caráter, como se publicamente eu condenasse algo que privadamente endosasse. Como não posso fazer nada em relação a isso, e o nome de Zaratustra tem sido muito usado na correspondência dos anti-semitas, quase fiquei doente várias vezes. [...]"
Friedrich Nietzsche em carta dirigida a Elisabeth Förster-Nietzsche, Natal de 1887
Vamos, já agora, citar também o Eça de Queirós:
"Na Meia Idade, todas as vezes que o excesso dos males públicos, a peste ou a fome desesperava as populações; todas as vezes que o homem escravizado, esmagado e explorado mostrava sinais de revolta, a Igreja e o príncipe apressavam-se a dizer-lhe: «Bem vemos, tu sofres! Mas a culpa é tua. E que o judeu matou Nosso Senhor e tu ainda não castigaste suficientemente o judeu.»
A populaça então atirava-se aos judeus: degolava, assava, esquartejava, fazia-se uma grande orgia de suplícios; depois, saciada, a turba reentrava na treva da sua miséria a esperar a recompensa do Senhor.
Isto nunca falhava. Sempre que a Igreja, que a feudalidade, se sentia ameaçada por uma plebe desesperada de canga dolorosa – desviava o golpe de si e dirigia-o contra o judeu.
Quando a besta popular mostrava sede de sangue –servia-se à canalha sangue israelita. É justamente o que faz, em proporções civilizadas, o senhor de Bismarck."
Eça de Queirós, Cartas de Inglaterra
A introdução que faz ao post é elucidativa.
Quer-me parecer que a escolha que fez dos adjectivos não foi feita ao acaso.
Curiosamente, por posts muito menos 'contundentes' e/ou insinuantes, já o FSantos alinhou com os que, a mim e a outros bloggers, nos acusaram de sermos: 'radicais', 'fanáticos', 'racistas', de alinharmos em 'GENERALIZAÇÕES ABUSIVAS', e de não sermos suficientemente 'humanistas' e 'piedosos'.
Podia aproveitar um post deste género (que provavelmente o Völkischer Beobachter não hesitaria em publicar) para 'devolver' os 'mimos', mas não o faço.
Porquê?
(porque adoro uma boa polémica, ora porquê....!)
Doravante das duas uma: ou me trata por 'companheiro' e/ou 'camarada' de 'radicalismo'; ou deve tecer ferozes críticas às minhas posições marcadas pela moderação e brandura.
:-)
Mas aonde é que dizia que o usurário era judeu???
Pela «adunca» descrição física.
É um estereótipo que não falha, embora não seja de todo verídico.
"Hina murió en familia. La joven fue degollada por su padre, un inmigrante paquistaní llegado a Italia en 1996. Su tío y su cuñado aprobaron el asesinato y ayudaron al padre a enterrar el cadáver, con la cabeza hacia la Meca, en el huerto de casa. Hina tenía 20 años, convivía con un italiano, trabajaba en una pizzería, fumaba, lucía un tatuaje y se negaba a casarse en Pakistán con uno de sus primos, como había decidido la familia. Cuando le detuvieron, el padre lo explicó todo: "La maté porque vivía con un italiano, era una puta y no me obedecía"
O usurário é a Banca amigos...
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