
Um escritor, "o nosso único escritor não subversivo que tem sucesso no Ocidente", até aí insuspeito, torna-se alvo de escutas porque um ministro cobiça a sua mulher, uma actriz, e busca qualquer pretexto para arruinar a carreira daquele. Como encarará tudo isto um alto funcionário da Stasi, imbuído da responsabilidade de "defender o socialismo dos seus inimigos"? Como é que a sua "ética" profissional se coadunará com o abuso que permite o controlo das vidas dos outros?
Este é o ponto de partida para uma película fascinante, muito bem dirigida e interpretada, que nos faz mergulhar num universo crepuscular, a que as cores frias da cuidada fotografia acrescentam um dramatismo suplementar.
Quando estive em Berlim, há ano e meio, relatei-vos a estranheza que me causou a quase ausência de referências a um passado (o comunista) tão próximo de nós em termos temporais. Sem dúvida que obras como este filme ajudam um pouco a colmatar tão escandalosa omissão por parte dos actuais governantes alemães.
Com o risco de me repetir: não percam o filme "As Vidas dos Outros".
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