Nunca, nos meus blogues, apelei ao voto em quem quer que seja. Antes de mais porque não tenho os meus leitores em tão má conta que tente, paternalisticamente, levá-los a tomar a minha escolha. Depois porque, para mim, eleições é do mais deprimente que há: em lugar de servirem para melhorar a vida da nação e dos seus habitantes, antes perpetuam a miséria moral e material em que são obrigados a viver há algumas décadas; não é o voto da maioria, manipulada pela propaganda, pela chantagem moral e pelos jogos de partidos, que vai permitir o resgate nacional.
Confesso o meu espanto pelo espaço e tempo de antena que a candidatura de José Pinto Coelho tem beneficiado na rádio e na televisão; embora ainda muito longe do espaço concedido aos representantes dos grandes partidos, é uma mudança sensível face ao que era habitual conceder-se ao PNR. JPC tem aproveitado, com mestria, para passar a sua mensagem: longe de ter uma postura agressiva e demagógica à outrance - cliché que normalmente se associa a um líder de um movimento dito de extrema direita -, Pinto Coelho fala pausadamente, apela aos valores que até há uns anos eram os de grande parte da população, denuncia a corrupção, o clientelismo e o completo assalto à máquina de estado por parte dos partidos do sistema. O seu discurso é claro, aqui e ali algo demagógico, talvez um pouco simplista nas soluções que pretenderia aplicar. A mensagem é facilmente apreendida pelo comum dos mortais, farto das fórmulas ocas que nada querem dizer.
As eleições intercalares em Lisboa vão permitir a muita gente exercer um voto de protesto em lugar de aderir à abstenção. Pinto Coelho e Garcia Pereira vão beneficiar desse estado de espírito de parte da população. Muito pouco vai mudar em Lisboa, como muito pouco muda após um escrutínio eleitoral, que é, por definição, um marco de sustentação do regime. Resta ao português fazer como a figura imortalizada por Bordalo Pinheiro - seja nas urnas, seja no sofá ou na praia.
1 comentário:
Até te percebo.
Abraço,
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