sexta-feira, setembro 07, 2007

O Gualter e os seus mentores

Só o podre ambiente em que vivemos, de completa complacência para com as maiores barbaridades esquerdistas, é que leva a que um artigo como este não desencadeie a indignação que merece.
O autor, deputado no Parlamento Europeu, proclama, a abrir, que a invasão da propriedade em Silves onde se cultiva milho transgénico foi «o primeiro acto de desobediência civil ecológica realizada (sic) em Portugal». O termo "desobediência civil" não é inocente vindo de um destacado membro de um partido que precisamente organiza sessões de preparação de acções de desobediência civil. Claro que Portas mostra desde logo a sua "simpatia" para com o acto. A argumentação, como vamos ver, oscila entre o delirante e o fora-da-lei.
Afirma o douto representante do povo em Estraburgo que «até hoje o debate sobre os transgénicos em Portugal não tinha passado do parlamento e de opiniões escritas nos jornais. A partir de hoje pode começar a ser diferente.» A mim, que acho que o debate sobre o papel nocivo do BE na política e na sociedade portuguesas ainda nem sequer chegou ao parlamento e à opinião escrita nos jornais, é-me legítimo lançar esse debate por meio da ocupação da casa de MP ou organizando uma acção espectacular de bloqueio do seu acesso ao Parlamento Europeu? Será que a partir daí tudo «pode começar a ser diferente»?
Mais adiante pode ler-se, não sem estupefacção, que «dissociar-me-ia deste tipo de protesto caso o Movimento Eufémia Verde fosse uma espécie de “braço militar” que se pusesse a queimar propriedades com milho transgénico onde quer que elas se encontrassem. Não por qualquer motivo de ordem moralista. Mas porque atrasaria a formação de uma corrente de opinião maioritária quanto ao princípio que referi.» Se leram bem, perceberam que a destruição da propriedade alheia não é condenável por «qualquer motivo de ordem moralista» mas por motivos de estratégia político-ideológica, pois não contribuiria para o fim visado. Para este senhor, defender a propriedade é uma atitude "moralista". Percebe-se bem que os vinte anos que passou no PCP o formataram nos "bons princípios".
Quando o autor evoca que se deve actuar "nos limites da lei" percebe-se que o que ele defende é que se transgrida a lei, dado que a sociedade e a política estão cada vez mais indulgentes para com as práticas que supostamente passaram à história em 25 de Novembro de 1975.
E remata, ufano, que «a nossa sociedade tem que aprender a conviver com novas formas de conflitualidade não-violenta». Nesta frase se sintetiza toda a postura da esquerda: a sociedade, reaccionária e "atrasada" por natureza, tem que seguir a vanguarda (da revolução), tem que ir atrás de alguns iluminados que a querem transformar de alto a baixo.
Já não nas barricadas, na guerra civil; mas por dentro do sistema. E a pouco e pouco vão avançando. Parvos é que eles não são.

5 comentários:

PintoRibeiro disse...

Bfsemana e um abraço.

Anónimo disse...

Meu caro:

Em http://www.lusavoz.blogspot.com/ achará coisas decerto interessantes para si.

Cf. especialmente comentários aos postais de 26 de Julho e de 3 de Setembro.

O Réprobo disse...

Olha que no «...Reduto» anda um sujeito a falar de Ti.
Abraço

Flávio Santos disse...

E não lhe pude responder a preceito...

Anónimo disse...

http://www.revisionisthistory.org/page10/page10.html