Oriundo da média burguesia urbana, não posso dizer que tenha tido em torno de mim uma cultura ideológica marcante. Os meus pais, como aconteceu com tantos outros, despertaram para a política após o 25 do 4 - e cedo perderam ilusões sobre a partidocracia que desde então nos (des)governou.
Com o espírito inconformista que caracteriza a juventude - e que tantas imprudências acarreta - aderi em espírito ao anarquismo, apreciando especialmente Proudhon, detestando Godwin, execrando o anarco-bombismo dos finais do século XIX e sentindo indiferença perante o individualismo de Stirner. Creio que no fundo sempre tive uma inclinação conservadora, patente na admiração pelo "mundo ideal", honesto e harmonioso, patente nos romances de Júlio Dinis, que reli diversas vezes. Não me surpreendi anos mais tarde quando descobri a admiração que nutria uma facção da Action Française pela obra de Proudhon.
Com o espírito inconformista que caracteriza a juventude - e que tantas imprudências acarreta - aderi em espírito ao anarquismo, apreciando especialmente Proudhon, detestando Godwin, execrando o anarco-bombismo dos finais do século XIX e sentindo indiferença perante o individualismo de Stirner. Creio que no fundo sempre tive uma inclinação conservadora, patente na admiração pelo "mundo ideal", honesto e harmonioso, patente nos romances de Júlio Dinis, que reli diversas vezes. Não me surpreendi anos mais tarde quando descobri a admiração que nutria uma facção da Action Française pela obra de Proudhon.
Um dia, não sei bem como, dei por mim a reflectir sobre o fascismo, il vero, não o que a propaganda promove. A tentação do absoluto, a diluição dos conflitos sociais num todo nacional harmonioso, o feroz combate ao comunismo - ideologia que sempre abominei -, a exaltação nacional sem o esmagamento do indivíduo como no nazismo, a compatibilização entre tradição e modernidade - tudo isto contribuiu para uma crescente admiração pelo ventennio, pela figura do Duce e por essa extraordinária aventura que tão mal acabou, marginalizada pelas democracias, subalternizada e descaracterizada pelo nazismo.
Um grande substracto ideológico do meu pensamento veio com a leitura de Charles Maurras, que solidificou a minha instintiva desconfiança face aos regimes democráticos, produtos e servos da plutocracia.
O Integralismo Lusitano, em parte influenciado pelo pensamento do mestre de Martigues, foi uma corrente de renovação nacional, espiritual, cultural e ideológica, nos anos degradantes da I República, que prendeu a minha atenção. Pese a preponderância de António Sardinha no movimento, foi a prosa escorreita e de uma extraordinária limpidez de Luís de Almeida Braga que mais me cativou - e à qual volto recorrentemente.
Desiludido da política, descrente da capacidade da Pátria no seu resgate, triste pela desnacionalização crescente das correntes ditas nacionalistas, no meu íntimo não morre a busca de uma Terceira Via, utópica talvez, não tanto pela desadequação à realidade como pelo peso da ditadura democrática, subordinada ao capital apátrida e prostituída às ideias dissolutas das esquerdas acomodadas ao capitalismo.
***
(continua)
4 comentários:
O Integralismo Lusitano, como não poderia deixar de ser...
Estou ansioso para ler o resto.
abraço
Compete-nos a nós combater a ditadura democrática, quanto mais não seja desmascarando a propaganda do regime junto dos que nos rodeiam. Como aliás o F. Santos tão bem faz.
Venha o resto...
Ditadura democrática. Exactamente e ainda é dizer pouco! Eles levaram trinta e dois anos, trinta e dois, não é brincadeira.. - (e continuam, mais disfarçadamente é certo, mas sempre que há uma pequeníssima oportunidade, porque a vergonha não tem limites..., lá o difamam mais um bocadinho aqueles que o Povo reconhece como o mais perigoso e mais conspícuo bando de traidores, criminosos e ladrões deste País) a bater no pobre Salazar - por quem, já o escrevi vezes sem conta, o meu pai não nutria a mais pequena simpatia, sentimento que de certo modo transmitiu aos filhos, pelo que estou à vontade para dizer bem ou mal dele - cuja 'ditadura' e seu mentor, por comparação com este inferno em que nos forçam a viver, eram respectivamente o paraíso na Terra e um santo dos altares. Salazar podia ter tido os piores defeitos do mundo e alguns teria, mas nunca traiu a Pátria nem roubou à descarada milhares de milhões aos portugueses, como o tem feito há 3 décadas ininterruptamente esta quadrilha de ladrões, que, conluiados em cinco partidos mais alguns milhares d'idiotas que os seguem como cães de guarda, tiveram a sabedoria diabólica de subjugar todo um Povo e despedaçar uma Nação de milhões - continental e ultramarina! Eles, os "grandes democratas" que tiraram a 'canga da ditadura' das costas do Povo, julgaram que os portugueses ficaríam a adorá-los (será que julgaram realmente? Cínicos e traidores como são, talvez não) mas enganaram-se redondamente, saíndo-lhes o tiro pela culatra. Tarde e a más horas, mas saiu e ainda bem. É certo que mentiram descaradamente durante 32 anos e o Povo acreditou em todas as suas patranhas piamente, tal a hipocrisía com que foram despejadas. Mas as mentiras são como o azeite, vêm sempre à tona e quando isso aconteceu descobriu-se finalmente a matéria pútrida com que foram fabricados estes espécimes. Só espero que criminosos desta estirpe paguem ainda em vida, a quadruplicar, os incomensuráveis estragos feitos por ganância e maldade ao Povo e à Nação.
Parabéns pelos seus escritos.
Maria
Meu Caro FSantos:
Grandes memórias, de quem foi beber à fonte do autêntico nacionalismo e da contra-revolução. Aguardo ansioso os próximos capítulos destas "memórias ideológicas", cujas linhas de força muito se ajustam aos meus pontos de vista.
Um abraço.
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